sábado, 8 de setembro de 2012

Não há soluções?

O primeiro ministro veio ontem em tom cru, dizer ao país que não há soluções. Que nos resta empobrecer.

Não sei quem aconselha o primeiro ministro, mas há aqui um problema de algum conteúdo e até da forma.

Que o país tem de continuar em austeridade, ninguém tem duvida, mas a comunicação terá sido a melhor? O 1º ministro deveria ter dito aos portugueses quantas fundações extinguiu, vai extinguir e quanto poupa, quanto é que já recuperou e ainda vai recuperar nas PPP e rendas às energéticas, quanto espera poupar numa reforma das forças armadas que não servem um adequado conceito de estratégia de segurança nacional, quanto espera poupar aos contribuintes através de uma justiça célere que seja também amiga da economia; isto é, o 1º ministro devia primeiro de centrar-se em cortes importantes na área da reforma do estado, e depois, do que sobrasse, distribuiria o mal pelas aldeias de acordo com a recomendação do tribunal constitucional.

Ora, isso não aconteceu. Foi uma mensagem fria, sem uma lógica aparentemente aceitável ao comum cidadão e sem futuro. A diferença entre publico e privado é falaciosa. Hoje despede-se facilmente no publico. Pior, o estado é o maior infrigidor das leis do trabalho, com milhares de recibos verdes e gente que anda há mais de 10 anos (professores e enfermeiros, etc) sem entrar para os quadros quando a lei geral estabelece 3 anos. Por isso, as alegadas vantagens do publico que vai continuar com os aposentados a fazer o dobro dos sacrificios, contra o acordão do TC, vai continuar a dar que falar, e , esta-se mesmo a ver que o governo, a ver se cola, vai outra vez emperrar o processo.

Outra discussão a fazer, é o apoio politico do governo. O governo perde apoio na sociedade, porque não agrada a ninguém, a não ser algum patronato. Portanto há aqui uma escolha ideológica muitíssimo encostada à direita. No caso dos trabalhadores e do grosso da classe média, os que pagam impostos e decidem eleições, se já não agradava ao publico, agora passa a não agradar também ao privado.

Do ponto de vista económico a medida é discutivel. Uns 95% das empresas são PMEs. Nas micro-empresas os trabalhadores são os proprietários e transferir a TSU para os trabalhadores não tem qualquer efeito. O grosso das PMEs trabalha para o mercado interno e representa uns 80% do emprego criado, sem o mercado interno estimulado vão à falencia, logo estas medidas não lhes servem. Por isso, só as grandes empresas cujo emprego é minoritário, retirarão daqui algum beneficio, estando a sua atividade mais dependente das condicionantes externas. Logo as medidas são de duvidosa utilidade.

Não se percebe também o timing da comunicação a não ser para agradar à troika.

BFS

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