O eterno candidato
O PSD foi muitas vezes apelidado de "Partido do Saco Degatos", ao que me apetece dizer: mais vale discussão e polémica a paz podre e unanimismos.
O PS sempre foi mais um partido de unanimismos. Os congressos do PS nunca interessaram a ninguém, ao que João Ribeiro chamou partido de consensos, à porta do conselho nacional. Pelo contrário, os congressos do PSD sempre foram vistos com muito interesse por vários motivos.
A situação politica interna do PS é por isso saudável em dempcracia, além de importar ao país por variados motivos: é o maior partido da oposição e pertence ao arco do poder; dele depende uma oposição eficaz ao governo que contribua para melhorar a governação.
A situação foi sem duvida desencadeada pelos socratistas, que farejando a perda de popularidade do governo assente numa premonição do Dr Soares, aceleraram a disputa da liderança obrigando Seguro, que num ato inteligente e mais rápido do que muitos estariam à espera, pediu imediatamente separação de águas.
Seguro percebeu que ainda tem a vantagem do aparelho e do distanciamento à cruz pesada deixada por Sócrates, ao contrário de Costa & Ca.
Um congresso muito cedo, antes das autárquicas, não será muito favorável a Costa, pois ficará numa posição frágil na candidatura à câmara de Lisboa à qual disse já ser candidato (concerteza mais lhe vale um pássaro na mão - os dois seria sorte e génio). Ficará um munícipe de Lisboa contente em saber que o líder do PS e candidato à Câmara abandonará o mandato para ser 1º ministro?
Seara vai usar e abusar do argumento, apregoando que na realidade está a concorrer contra Manuel Salgado, o que não deixa de ser verdade.
António Costa é uma pedra em vários sapatos, no de Seara, no de Passos Coelho, no de Seguro. Não há duvida que é um candidato forte, tem experiência governativa, pragmatismo, discurso solido e coerente. Resta saber se as suas ideias agradam ao eleitorado ou se está disposto a renegar o socratismo.
No conselho nacional, Costa manteve-se entre a hesitação e a demagogia, ao dizer que avançará para a liderança se Seguro não unir o partido, sabendo-se já que o PS já está partido, com a ala socratista a fazer estragos e a escolher um chefe que lhes dê garantias de poleiro.
Para rematar, pode-se ainda dizer que António Costa corre o risco de se tornar outro Vitorino: o eterno candidato.
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