sábado, 16 de março de 2013

Um Grande Desapontamento"

Foi assim que Vitor Gaspar classificou a avaliação ao programa da troika e do governo, quando lhe perguntaram se reconhecia terem existido erros de avaliação e estratégia.

Se há coisa flagrante, é o fracasso de todo o processo e deixa-nos desbocados quando alguém da equipa aparece a falar dos sucessos da aplicação do programa. A única coisa a apresentar é o equilíbrio da balança de transacções com o exterior, mas mesmo aqui, é uma vitória de Pirro, porque isso não deriva de maior exportação mas sim da falta de moeda e queda no consumo.

Para 2013:
- 19% de desemprego
- 2,3% de défice
- 123% de divida publica em % do PIB (com o PIB a cair o peso da dívida aumenta)
- 5,5% de défice público

Um falhanço em toda a linha. Aliás toda a gente avisou que iríamos bater na parede com este orçamento e a partir do 7º exame poderia ser aberta uma crise politica (claro que nunca de Belém) , não se sabe bem iniciada onde, mas poderá vir da rua. Porque, eu também tenho a sensação, que o povo português não é tão pacifico como se julga, e quando começa a aumentar exponencialmente o nº daqueles que nada têm a perder, o caldo entorna-se de vez.

Lá fora, na diáspora, a vida não está facil. Aqui no nosso concelho, muitos emigrados na Corsega estão a regressar. Em Espanha não há trabalho. A Europa está em crise e o trabalho menos qualificado decresceu. Esta almofada amortece cada vez menos a nossa recessão.

Então o que poderia ser diferente. Bem, tenho pena que tenhamos um ministro das finanças que não saiba coisa alguma  de economia. O homem é afinal um guarda livros de gabinete. Acho que vai ser o pior da história de Portugal e os fatos comprovam-no: não acertou uma. Mudar de estratégia seria mudar de ministro. Para os que dizem que tem a vantagem de estar bem visto na Europa, eu vejo isso como uma desvantagem, uma proximidade grande com os gabinetes e lideres europeus, que tem dificultado o distanciamento e uma certa margem de manobra negocial. Não é o ministro que nos dá credibilidade é sim o fato dos credores acreditarem que a nossa economia ou o BCE lhes vai pagar os juros. O resto é conversa.

Quanto às opções do governo, continuam a ser discutiveis. Governar cortando salários, aumentando impostos e despedindo, é facil. O dono duma mercearia faria melhor trabalho.

 O que a gente ainda não viu foi regulação a sério na energia, permitindo baixar os custos às empresas e familias. Renegociação, aliás, imposição unilateral do governo às PPPs em função da emergência nacional, tal como fez Paulo Macedo (o único bom ministro do governo) nos medicamentos contra as farmacêuticas. Corte rápido na frota automóvel do estado e criação, de novo, de oficinas gerais de manutenção para pequenas reparações que impedem centenas de carros, por exemplo das forças de segurança, de circular. Recuperação de velhos edifícios do estado e transferência para ai de serviços que estão a pagar rendas leoninas. Corte no orçamento da assembleia da republica, que gasta demais e com ostentação, para o que produz e com a qualidade do que produz ( a qualidade de certas leis é uma lástima) - a revisão do sistema politico deve levar à redução de deputados, demasiados.

A reforma do estado tem de continuar. Se o governo é liberal porque não corta de vez todos os institutos não relevantes para a administração do estado? porque não acaba de vez com o financiamento publico às fundações? não deverá isso ser do domínio da cidadania ? ou será que há outras explicações?

O estado ainda tem muitos departamentos qualificados, com bastantes quadros. Essas pessoas que façam os estudos e os pareceres: corte-se forte nos orçamentos para este tipo de coisas, que são dados a fazer sempre aos mesmos do arco da governação, configurando uma imoralidade e talvez até ilegalidade, porque são processos nada claros e sem concurso publico.

Dissolva-se a Parque Escolar, um dos maiores atentados recentes às contas do estado. As autarquias com metade do dinheiro, teriam feito a remodelação do parque escolar nacional.

Nesta fase acabe-se com a politica do Relvas que quer criar dezenas de comunidades intermunicipais, fazendo crescer a administração do estado em centenas de novos funcionários públicos. ponham-se as comissões de coordenação regional a coordenar projetos inter-municipais e a dar o visto em novas infraestruturas, sendo o critério de construção economias de escala inter-municipais.

Bem, exemplos não faltam do que fazer para governar para os portugueses. Agora querer acabar com o sistema de saúde e educação em favor de um estado mínimo  entregando estas áreas aos privados cujo objetivo é acima de tudo o lucro, não está certo e não vingará em Portugal.




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