sexta-feira, 8 de maio de 2009

OPINIÃO: Plano Pormenor da Zona E54

Desloquei-me ontem ao auditório municipal para espreitar a nova pérola urbanística poveira.
Parece que na véspera houve umas criticas, pelo que a equipa técnica iniciou a apresentação num tom severo a puxar do curriculum e de opções técnicas para justificar o projecto.
A oposição lá esteve a picar o ponto e cumpriu com as criticas óbvias e legitimas que animaram a sessão.
Do Projecto:
À primeira vista é imponente, de facto gostei. Não é no entanto perfeito e tem alguns pontos críticos:
O projecto tem na maior parte 8 a 11 andares, não diminui, mantém as quotas dos envolventes, quando mandam as regras do ordenamento urbano, que os edifícios tenham um perfil descendente até à linha de costa e acompanhem a topografia. Sei que no caso procurou-se enquadrar nas cerceas N e S, não seguiu no entanto a regra para nascente e o próprio arquitecto o considerou uma parede, que terá consequências:
-Tapará a vista a vários edifícios. O Europovoa, um dos mais elevados da Rua Repatriamento dos Poveiros, abaixo de 9 andares deixará de ver a costa
- A praça da tourada nas estações intermédias e Inverno será escura, fria, húmida com movimentos de vento turbulento.
- Esta turbulência de verão, com os ventos de gradiente N/NW vai-se agravar, tornando essa praça e a passagem por debaixo do edifício principal insuportável ao vento. O edifício fará o afunilamento do vento que aumentará a sua pressão também à entrada da avenida (se já hoje é desagradável, imagine-se de futuro), contrariando a intenção do projecto que é a dinamização social.
Apesar de ser um projecto ambicioso pode de facto ter impactos ambientais desfavoráveis que poderiam ser minimizados com outra morfologia urbana que favorecesse a permeabilidade da frente urbana aos sol e às massas de ar atlânticas.
Como ninguém me paga o sermão aqui fica alguma bibliografia temática aos interessados:
-Lacy, R.E(1977) Climate and Building in Britain, London, HMSO
-Page, J.K.(1976) Application of Building Climatology to the Problems of Housing and Building for Human Statement. World Meteorological Organization, Technical Note 150, W.M.O.Geneva.
Quanto ao tráfego automóvel, haverá um impacto certamente. Era necessário fazer um estudo, para aferir o tráfego médio por períodos do dia, à semana e fim de semana, ponderar resultados por superfícies comerciais de dimensão semelhante e adicionar-lhe os residentes. Apesar de uma rua aberta para o lado N, veremos de futuro se é funcional, mais as questões da poluição sonora, atmosférica e visual numa área que se presume ser de lazer. Podemos estar perante um projecto que resulta numa situação análoga à de um jogo de futebol todos os dias. Não esqueçamos que em dias de Futebol os efeitos se estendem a toda a Póvoa e a zona do estádio bloqueia, se o empreendimento tiver metade destas consequências já será incomodo.
Nesta apresentação, na parte ambiental, apenas se apresentou o caminho processual nos meandros da lei e os impactes durante a obra, quando os que interessam são os perenes, e desses ninguém ouviu nada.
É do interesse da autarquia e dos cidadãos que isto seja estudado e rectificado pela equipa do projecto, pois o que se pretende é qualidade, e o custo em fazer bem e mal por vezes é o mesmo.
Por último a questão económica. Não podemos escamotear o facto da necessidade do projecto ter um número de fogos suficientes para permitir a viabilidade dos projectos do Desportivo e Varzim.

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