domingo, 20 de junho de 2010

SARAMAGO: Polémico até ao fim


O romance de José Saramago Evangelho segundo Jesus Cristo foi cortado da lista dos concorrentes ao Prémio Literário Europeu, pelo Subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara em 1992 , dado para este, a obra não se enquadrar nos requisitos definidos para representação do país. Segundo o próprio:"Esta minha atitude nada tem a ver com estratégias de venda, nem sequer com opções literárias. E muito menos com as escolhas políticas de Saramago. Não entrou em linha de conta o facto de ele ser comunista ou pertencer à Frente Nacional para a Defesa da Cultura". Acrescentou ainda "A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os."

Não teria havido outros escritores também merecedores de entrar na dita lista, mas que não se deram a tais amuos?

O sr Saramago que nunca escondeu as suas origens, pelo contrário, como se de uma espécie de legitimação comunista se tratasse, creio eu que nunca foi incluído no grupo dos neorealistas como Manuel da Fonseca ( um bom homem sábio e humilde que conheci), Soeiro Pereira Gomes, etc. Assim do ponto de vista da estética literária, houve quem melhor retratasse o povo trabalhador português. Saramago preferiu uma estética mais universal, foi ambicioso, trabalhou para os grandes palcos do mundo, e conseguiu. Conseguiu mostrar ao pais que o tratou por igual entre pares, que ele era melhor que eles. Quando recebeu o Nobel, quis subentender, que estava ali um imigrante espanhol, melhor que os portugueses.


Pessoalmente, nunca fui grande admirador da sua literatura sem gramática, cheia e fastidiosa nos pormenores sem o gostinho de um Eça, fraca na estrutura, versando lugares comuns de esquerda contra a globalização. Mas Saramago era um homem franco e de convicções, tal qual Cunhal, que creio não morria de amores por ele. Foi uma espécie de José Mourinho da Literatura de Lanzarote. O próprio uma vez disse que a sua obra tinha mais de transpiração do que inspiração. Era daqueles escritores com uma metodologia muita mecanizada a escrever, o que explica a elevada produção literária.

Saramago, creio que se pode dizer que foi muitas vezes sobranceiro e até arrogante. Foi concerteza provocador e polémico, até pelos temas que versou. Sendo quase certo que isso foi parte de uma estratégia comercial.

Apesar do considerado, o senhor foi Nobel, tem portanto mérito para muita gente e apesar de tudo, ainda bem que foi português.

Neste país de carpideira, brandos costumes e memória curta, Cavaco foi mais uma vez pragmático e vertical , não pondo os pés no teatro fúnebre. Quanto às justificações oficiais, valem tanto quanto anca do Deco!

1 comentários:

RENATOGOMESPEREIRA 23 de junho de 2010 às 10:07  

Estética Universal a de Saramago? Só se for de um universo bem pequenino que começa em Azinhaga e termina nas Ilhas Canárias..ou lá Perto em Lanzarotte... A Vocação Universal de Portugal foi é e será bem mais ampla e abrangente... A GLOBALIZAÇÃO não foi não é nem será um mal par a humanidade antes pelo contrário...E a BIblia ..e em particular o NOVO TESTAMENTO é um caminho evangélico par a Globalização dos Povos...Não são necessárias Jangada...de Pedra ou de outros materiais...Pedro - o discipulo de Cristo caminho sobre as águas...mas para isso foi preciso ter Fé...a tal que vem do Pai, pelo Filho e atravéz do Espirito Santo...

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