quarta-feira, 27 de março de 2013

ARGIVAI faz 1060

Argivai comemorou ontem os seus 1060 anos. Sofia Teixeira não deixou de assinalar a data  com a seguinte crónica no jornal local, maissemanário.

A 26 de março a freguesia de Argivai faz 1060 anos.

Lembrar o seu aniversário é dar vida a esta terra, é fazer com que ganhe humanidade, como de um ente querido se tratasse.
O tanto que há para dizer sobre Argivai poderia levar-me a escrever um livro, o que não é minha intenção, pelo menos, nesta crónica.
Sinto Argivai como minha pertença, como coisa minha. Os lugares, os recantos que  percorro milhares de vezes fazem parte de mim e o traçado dos caminhos sei-o de cor.
Argivai tornou-se uma palavra indissociável do meu vocabulário, quem me conhece bem, sabe que assim é. Mas na realidade mais do que tudo eu é que sou pertença de Argivai e vivo dentro dos seus muros imaginários.
Todos conhecem Argivai ou já ouviram falar em “ir ao Anjo”.
Esse conhecer ou ouvir falar deve ser o motor da lembrança contínua.
E se falamos em lembranças, os mais velhos recordam na perfeição o famoso piquenique do anjo. Recordam as agradabilíssimas tardes, passadas nas famosas carvalheiras e em que as distrações nada tinham a ver com as tecnologias do agora. Em que as famílias ao redor dos farnéis se espraiavam pelas bouças,  ao som da Banda dos Passarinhos ou do Gatas de Balazar. Em que se ouviam os gritos de vitória ou derrota, conforme o caso, nos jogos tradicionais. Em que as raparigas casadoiras sorriam ou varriam a chinelo os rapazes mais atiradiços. Em que a venda da hera, feita por simpáticas meninas chamava todos à festa. E em que a expressão um mar de gente se aplicava aqui em pleno, pois vinha gente de todos os lados, cantando pelo caminho e redobrando a cantoria após um farnel bem bebido.
Até a labuta diária tinha direito ao seu descanso.
Argivai lembra a Fonte dos Milagres que apesar de perdida nas brumas, era conhecida por nas suas entranhas correr água santificada.
Argivai lembra a Capela da Nossa Senhora do Bom Sucesso e a sua preciosa festa, com os mastros enfeitados por mulheres de fibra. A arte destes grupos de mulheres via-se nas peculiares e pormenorizadas flores de papel, aclamando ainda mais a freguesia em festa.
Tanto mais poderia aqui lembrar.
Prefiro convidar todos quantos por estas paragens passam que não se fiquem só pelas compras, que venham ouvir o som do passado, que se deliciem com todas as estórias, lado a lado com o aqueduto serpenteante que teima em unir todas as partes de um mesmo filme, Argivai no tempo." in maissemanario

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