A historia é pródiga em embrulhos que rebentam na mão do despachante

A campanha para as presidências tem sido um pouco de "faca e alguidar". Nobre tem-se tentado distanciar, nem sempre conseguindo, pois a tentação de dar umas bicadas em Cavaco é por vezes grande.

Cavaco não é perfeito. Cometeu erros, um deles tolerar os devaneios de AJJardim. Mas em sentido lato tem uma vida exemplar, um percurso politico coerente, do melhor que se arranja, olhando o cenário luso.

Alegre nunca foi individuo de grandes compromissos públicos, a vida das artes, tertúlias, dos prazeres da caça, sobrepuseram-se. As convicções flutuantes ao ritmo da contagem de espingardas circunstâncial (ora mais PS ora mais Bloco) deixaram marcas, e aqui aparece Fernando Nobre, uma lebre soarista.

Ora esta realidade alegrista, faz mossa, desespero... ninguém é dono de um milhão de votos, e então desenterra-se o BPN. Cavaco comprou uma acções da SLN, vendeu-as, ganhou uns trocos, e pagou ao fisco se o tinha a pagar.

Colar Cavaco a DLoureiro, Oliveira e Costa e outros a braços com a Justiça, é como diz o povo arrastar tudo para a lama. Vamos lá ver se Cavaco não vai ser ainda colado a Duarte Lima e ao processo Feiteira - é só já o que falta. Onde chegámos?

Diz-se que o parlamento não tem qualidade. Que os novos políticos não têm ética. O que dizer dos velhos?

Mas Alegre ao atacar Cavaco sem razão, esqueceu-se que, ele sim quebrando a conduta de deputado, fez um serviço de publicidade para outro banco falido, o BPP - denunciado por Teresa Caeiro - tendo recebido um cheque que diz ter devolvido, mas ninguém sabe nem há registo, ao contrário de outros como António Mega Ferreira que terá feito uma doação social.

A História é pródiga em embrulhos preparadinhos que rebentam nas mãos do despachante. Portugal não é o país analfabeto de há 30 anos. Hoje o povo distingue o trigo do Joio e como tal é perigoso esta tentativa de manipulação da opinião pública. Um bom exemplo disto vem daqui do lado: José M. Asnar perdeu eleições em Espanha tentando mobilizar o eleitorado contra a ETA e pressuposta incompetência do Governo.