domingo, 18 de julho de 2010

NEGÓCIO DE OCASIÃO: queijo bolarento

O PS do engenheiro, gosta muito de arranjinhos. Quem não se lembra das estorias com os bloquistas Miguel Vale ou Joana A. Dias. Ou voltando mais atrás, o célebre orçamento do queijo. Mais recentemente tivemos aquela reunião top-secret em casa do primo Basílio, a ver se capturavam Portas para uma maioria parlamentar contra-natura.

Portas é raposa velha e percebeu que se aceitasse, trocaria uns meses de ministro por um futuro politico.

Aqui fica um texto sobre o assunto publicado no Diabo:

"Goste-se ou não se goste dele, há em Paulo Portas um sentido da dignidade política que é familiar aos grandes "partidos de princípios" da Europa Central e do Norte – os sólidos Partidos Conservadores que atravessaram o século XX e a primeira década do século XXI ancorados nas suas ideias, mesmo que para isso fossem forçados a menosprezar, por vezes, as lógicas eleitoralistas tão caras às sociais-democracias e aos socialismos. Essas ideias conservadoras são bem simples de resumir: reconhecimento do princípio natural da propriedade, Estado de Direito, ordem na vida social, seriedade orçamental, patrocínio da classe média, consciência de que o património que herdámos há-de ser transmitido (intacto ou melhorado) aos nossos herdeiros. É certo que no coração do líder do CDS/PP bate uma pulsão liberal, frequentemente ligada à pobre e gasta mitologia político-ideológica norte-americana. Mas este é um pecadilho conjuntural que não prejudica uma ética e uma estética conservadora, desde que considerado sob uma óptica "oportunista" de sobrevivência. No seu melhor e no seu pior, Paulo Portas é hoje, no espectro político parlamentar, o mais aceitável representante de uma perspectiva nacional. Isso mesmo acaba de ser provado com a revelação de que, nas vésperas da eleição de Passos Coelho para a liderança do PSD, Portas recusou ceder a uma proposta de "aliança" com Sócrates, tentada por este num encontro semi-clandestino em casa de Basílio Horta. Ofereciam a Paulo Portas um acordo de Governo, davam-lhe de bandeja o confortável lugar de ministro dos Negócios Estrangeiros. Tudo o que tinha a fazer era minar o território político, comprometendo a Direita numa cedência aos socialistas. Mas Portas não caiu na esparrela, invocando questões de princípios na política fiscal e social. Entretanto, com o avanço de Passos nas sondagens, sobem as vozes no PS favoráveis a alianças e a cedências à direita. Isto quer dizer que, se tivesse cedido aos desejos de Sócrates, o CDS/PP estaria hoje espaldado na classe política e protegido na opinião pública. Mas não cedeu, ainda que a custo de manter-se como terceira força política indexada à sinuosa política social-democrata. Fez mal? Do ponto de vista do acesso ao poder, fez. Fez bem? Do ponto de vista dos princípios, fez. E são os princípios, não a praxis, que distingue a Direita da Esquerda."

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