terça-feira, 11 de junho de 2013

Poupem-nos as lágrimas de crocodilo e as fitas à Fellini!

Noutros tempos, quando Nuno Crato ( NC) era professor, insurgiu-se muitas vezes contra medidas de Lurdes Rodrigues que prejudicaram a qualidade de ensino, e, até na forma como lidava com os problemas.

Hoje NC é gestor publico, é politico e ministro. É responsável por medidas que degradam as condições de ensino, quer com o aumento do nº de alunos por turma - hoje nos 28/30 alunos - , quer com o número de turmas atribuídas aos professores do 2º, 3º ciclo e secundário. Hoje um professor, consoante as disciplinas, pode ter entre 7 a 10 turmas, perfazendo um número próximo de 250/300 alunos; ora nenhum ser humano avalia com sanidade tal quantidade de alunos. Isto são fábricas, não são escolas. Fabricas que foram ampliadas em hiper-mega-agrupamentos.

Hoje um professor trabalha muito mais de 40 horas por semana, entre aulas, sua preparação e planificação, trabalho burocrático e concretização de projetos (educação sexual, saúde, PRP, anti-tabagismo, etc). A questão não está em passar de um horário de 35 horas para 40 horas, que como diz muito bem NC, " isso já os professores trabalham". O problema é que, mesmo NC dizendo que a componente letiva não foi aumentada, na prática será, porque a direção de turma saiu da componente letiva, e sendo assim, em termos práticos os professores passarão a ter mais uma turma no seu horário. Uma turma representará mais algumas horas semanais de preparação extra-horário. É caótico!

É que a docência  não funciona como alguns serviços da administração, em que se fecha a porta é o trabalhinho lá fica. Não, o trabalho vem com o docente para casa.

Por isso sr. ministro, a propósito da greve dos professores vale a pena contar a verdade toda à cerca da bondade das propostas do MEC. A greve às avaliações não é caso de vida ou de morte, a comprova-lo  a decisão da comissão arbitral, que não decidiu serviços mínimos. Seria mau que este ministério seguisse agora a estratégia da dramatização dos governos de Sócrates, que tanto criticou, e caísse ainda no mesmo erro de não respeitar as decisões dos tribunais, dando azo àquela máxima, de que o estado não é pessoa de bem.

Só para relembrar, que em 1989, com o Cavaco  1º ministro, os alunos entraram na universidade em Janeiro, porque os professores do superior se recusaram a corrigir os exames de admissão: nem o mundo  acabou, nem essa geração ficou traumatizada. Poupem-nos as lágrimas de crocodilo e as fitas à Fellini!

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